Cirurgia de Recobrimento Radicular com Enxerto Conjuntivo Subepitelial no Tratamento de Recessão Gengival: Relato de Caso Clínico 7 de 10
apresentado em que a paciente, apesar de não relatar hábitos parafuncionais, quei-
xava-se de não conseguir higienizar corretamente. Apesar disso, existem fatores pre-
disponentes secundários que podem causar a migração do periodonto, como o posi-
cionamento incorreto dos dentes, fatores iatrogênicos e inserção muscular atípica
[22].
Nesse caso clínico a paciente foi diagnosticada como RT2 de Cairo, ou seja,
quando há perda de inserção interproximal, sendo a mesma menor ou igual a perda
de inserção vestibular [1] e classe III de Miller, com a recessão gengival se esten-
dendo até a junção mucogengival, com perda óssea e de tecido mole interdental mo-
derada, e previsibilidade parcial da cobertura radicular. Com o intuito de favorecer
melhores resultados e minimizar o trauma cirúrgico, vários tratamentos para as re-
cessões periodontais foram sendo propostos ao logo do tempo. Sendo assim, resul-
tados mais previsíveis quanto ao recobrimento radicular puderam ser obtidos a par-
tir da utilização de técnicas como, a utilização do enxerto de tecido conjuntivo sube-
pitelial, a regeneração tecidual guiada e matriz dérmica acelular [23-26].
Os enxertos de tecido conjuntivo subetipelial são considerados o padrão ouro
para as recessões mais profundas, sendo frequentemente utilizados para o aumento
da espessura do tecido mole em dentes naturais, devido sua eficiência no ganho de
volume estético da gengiva queratinizada e reconstrução papilar, obtendo melhores
resultados a longo prazo [21, 27, 28]. No atual relato de caso, foi escolhida a técnica
de recobrimento com ECS associado ao retalho posicionado lateralmente e de dupla
papila, devido a presença de estreita faixa de gengiva queratinizada, perda das papi-
las interdentais e fenótipo gengival delgado.
À vista disso, estudos indicam que o ECS associado a retalho posicionado late-
ralmente pode ser indicado para recessões do tipo I, II e III de Miller, permitindo uma
taxa de recobrimento radicular entre 70% a 98% [29]. Nessa circunstância, a utiliza-
ção dessa técnica cirúrgica apresentou-se adequada para o caso clínico em questão,
pois se mostrou eficiente no recobrimento radicular, ganho de inserção clínica e de
espessura do tecido queratinizado. A maioria das cirurgias plásticas periodontais ne-
cessita de uma área doadora para obter êxito cirúrgico [30]. As regiões mais comuns
de remoção do ECS são áreas com gengiva queratinizada de espessura suficiente, que
possibilitem a remoção de tecido conjuntivo subjacente. As regiões doadoras de elei-
ção são: o palato, áreas edêntulas e do retromolar [31, 32]. Sendo o palato o principal
sítio doador, devido uma grande espessura tecidual [31, 33], confirmando a escolha
da área doada do ECS do presente caso clínico. Assim sendo, a tomada de decisão
para o tratamento da RG é complexa, e exige uma cuidadosa avaliação dos parâme-
tros clínicos e anatômicos.
Ademais, para que se tenha um sucesso da técnica cirúrgica, faz-se necessário
um tratamento prévio para evitar complicações durante o trans e o pós operatório,
sendo essencial uma avaliação minuciosa da área doadora e receptora, levando em
consideração alguns fatores como: controle sistêmico, etiologia e características clí-
nicas das recessões, técnica cirúrgica e assepsia da ferida, tratamento da superfície
radicular, preparo do leito receptor, vascularização, nutrição e espessura tecidual,
largura do tecido gengival e estabilidade da cicatrização [34].
Desta maneira, um dos fatores que se deve levar em consideração é a área re-
ceptora, que deve ter bom suporte ósseo e boa vascularização para a nutrição do en-
xerto, evitando assim uma necrose tecidual [35, 36], além da necessidade da colabo-
ração e manutenção correta dos cuidados de higiene bucal por parte do paciente no
seu pós-operatório [36]. Diversos autores concluíram que, dentre algumas revisões
sistemáticas, o uso do ECS obteve maiores resultados de recobrimento radicular,
sendo ele, a primeira escolha atualmente para recessões mais profundas, dando es-
tabilidade a longo prazo [37, 38].
Por conseguinte, quando bem indicado e executado, o tratamento possui grande
índice de sucesso terapêutico, podendo obter um recobrimento até o limite da crista
óssea, como observado no caso clínico descrito, em que apresentava recessões gen-
givais nos dentes 31 e 41, classificadas como classe III de Miller e RT2 de Cairo, onde