Transplante dentário autógeno de terceiro molar: relato de caso 5 de 10
enchimento extrusados precisam ser retirados. As complicações mais comuns são: a an-
quilose, onde pode ser diagnosticada em até 1 ano após a realização do transplante, ne-
crose pulpar e reabsorção radicular [8]. No entanto, estudos consideram que a reabsorção
radicular e a anquilose são prevenidas através da preservação dos restos celulares epiteliais
de Malassez, pois podem preservar o espaço do ligamento periodontal [2].
O preparo do alvéolo receptor requer um tempo estimado, embora o dente doador
não possa permanecer muito tempo extraoraolmente, pois pode favorecer a morte dos fi-
broblastos e consequentemente diminuir as chances de sucesso do transplante, aumen-
tando a probabilidade de reabsorção radicular e anquilose. Portanto, Tang et al. (2017)
defende que o dente doador pode passar até 18 minutos fora do alvéolo, já Plotino et al.
(2021) e Huang et al. (2022) relatam que esse tempo não deve ultrapassar 15 minutos,
pois um tempo maior que 15 minutos diminui as chances de sobrevivência dentária devido
a sensibilidade ao pH e ao potencial osmótico que o dente possui. Portanto, com o intuito
de aumentar a sobrevida durante esse tempo do preparo do alvéolo receptor, o dente do-
ador deve ser colocado de volta no alvéolo de extração ou mantido em solução salina [2].
Em razão disso, o dente doador permaneceu dentro do alvéolo de origem durante a prepa-
ração do alvéolo receptor para eliminar seu tempo extraoral.
Para o sucesso do autotransplante, um dos requisitos é a escolha da imobilização
ideal. Pois, de acordo com Kumar et al. (2013) a estabilidade inicial afeta o resultado
esperado e que a fixação não rígida com fios de sutura e talas de 7 a 10 dias tem sido
bastante utilizada devido não afetar negativamente as células do ligamento e a cicatrização
óssea. E Plotino et al. (2021) também relata que para uma cicatrização periodontal ideal,
a placa deverá ser flexível, passível e de fácil higienização e que para suprir esses requisitos,
são recomendados, geralmente, fios finos iguais ou inferiores a 0,3–0,4 mm. Portanto, foi
a imobilização escolhida no caso, mas a remoção foi realizada após 15 dias, por limitações
da própria paciente. Em um estudo realizado por Murtadha et al. (2017), a maioria dos
dentes transplantados em sua pesquisa usaram uma tala não rígida para imobilização du-
rante 3 semanas, conforme a literatura relata. Porém, em terceiros molares transplantados
para substituir primeiros e segundos molares foram utilizados fios de sutura com o mesmo
tempo de imobilização. Contudo, os estudos mostraram resultados divergentes a respeito
das técnicas de imobilização e do tempo, mas há um consenso de que a fixação rígida e a
longo prazo não é benéfica e a fixação flexível e a curto prazo são mais favoráveis.
A prescrição da terapia com antibióticos pode minimizar o risco de infecções bacte-
rianas e assim reduzir as taxas de reabsorção radicular e assim, protegendo o dente trans-
plantado. Pois, conforme um estudo realizado por Chung et al. (2014), a taxa de falha no
autotransplante é de 2.5% maior em casos que não foi realizada a antibioticoterapia rela-
cionada a casos em que a terapia antibiótica foi realizada. Além disso, Tan et al. (2023)
também relata que a maioria dos casos de falha no autotransplante estava nos casos que
não foram realizados a antibioticoterapia, mas não há estudos o suficiente relacionado às
particularidades da cobertura antibiótica. Porém, para o caso relatado, utilizamos o estudo
realizado por Plotino et al. (2020) como base, que afirma que a profilaxia antibiótica pré-
operatória deve ser prescrita apenas conforme a condição sistêmica do paciente, como,
por exemplo: pacientes cardiopatas que possuem válvulas cardíacas protéticas, defeitos
cardíacos congênitos ou endocardite bacteriana, pacientes que fazem tratamento com bis-
fosfonatos intravenosos e que passaram por cirurgias articulares nos últimos 3 meses, então
não foi realizada a profilaxia antibiótica e nem a antibioticoterapia pós cirúrgica no relato
apresentado.
Alguns critérios são relatados para caracterizar o sucesso do autotransplante como:
contorno e cor gengival após a fixação, profundidade normal da bolsa periodontal, ausên-
cia de sinais de inflamação ou patologia na radiografia, presença de lâmina dura normal e
função mastigatória satisfatória sem desconforto [6]. Como relatado na literatura, o auto-
transplante dentário, quando realizado com todos critérios necessários para o seu sucesso,
é uma alternativa de tratamento viável quando há impossibilidade de alguma outra alter-
nativa reabilitadora convencional, justificando, portanto, o procedimento escolhido para
o caso clínico.