Efeito Antimicrobiano de Plantas Medicinais Contra Streptococcus mutans: uma Revisão de Literatura 2 de 5
Atualmente, a clorexidina (CHX) é considerada padrão ouro dos antissépticos orais,
no entanto, seu uso demasiado pode acarretar alguns efeitos colaterais indesejáveis, como
alteração na coloração das superfícies do esmalte e língua, assim como alterações no pala-
dar, queimaduras no tecido mole, dor e gosto residual desagradável na boca. [7]. Diante
disso, tem surgido o interesse em desenvolver substâncias que sejam capazes de substituir
o uso dela.
Outro fato a ser considerado, é o surgimento de microrganismos resistentes aos anti-
bióticos, que representam um desafio para o tratamento de infecções, necessitando de no-
vas abordagens terapêuticas ao combate bacteriano [8]. Em decorrência disso, o efeito de
produtos derivados de plantas está sendo amplamente estudado, com o objetivo de des-
vendar ações biológicas efetivas, desde atividades antimicrobianas à antitumorais [2]. Es-
ses produtos podem ser extraídos da casca do caule e frutos, raízes, folhas e sementes [9],
sendo econômicos, eficazes e possuem alta tolerância ou mínimo de efeitos adversos, a
depender da concentração em que são utilizados [10], se tornando uma alternativa aos
antibióticos, podendo ser uma prática promissora no tratamento das lesões cariosas, em
pacientes de alto risco [11].
Diante disso, o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura
acerca do potencial antimicrobiano das plantas medicinais contra Streptococcus mutans.
2. Metodologia
Para o estudo, foi realizado um levantamento bibliográfico na base de dados PubMed,
utilizando os descritores “phytotherapy”, “medicinal plants” e “Streptococcus mutans”,
associados ou não, no período de 10 anos. Os dados foram coletados até dia 4 de junho de
2021, e um total de 99 artigos foi encontrado.
A seleção dos artigos se deu inicialmente por uma análise rigorosa de títulos e resu-
mos dos artigos recuperados na busca. Inicialmente, foram excluídos os artigos que não
abordavam a temática proposta, como estudos acerca de bactérias envolvidas nas doenças
periodontais e outras manifestações orais, bem como, artigos de revisão, sendo excluídos
79 artigos. Em seguida, avaliou-se os textos completos (20 artigos) e foram incluídos arti-
gos que apresentaram o conteúdo relacionado ao efeito antimicrobiano de apenas uma
planta medicinal sobre somente S. mutans, restando, ao final, 12 artigos. O fluxograma de
busca está descrito na figura 1.
3. Resultados e Discussão
Dentre os estudos encontrados, a cepa ATCC 25175 de S. mutans foi a mais estudada
[12, 13, 14, 15], no entanto, ATCC 35668, MTCC 497, ATCC 700610, também foram
avaliadas. Esses estudos in vitro avaliaram efeito antimicrobiano, através do teste de mi-
crodiluição em caldo e avaliaram efeito antimicrobiano e antibiofilme [2, 10, 16]. Outras
abordagens foram, estudos in vivo, ensaio de campo randomizado, estudo clínico e cross-
over clínico randomizado [10, 17, 18, 19].
Avaliando o efeito antimicrobiano da Annona senegalensis contra S. mutans. Para es-
tudo, foram isolados do extrato de metanol de partes áreas da A. Senegalensis, por meio de
fracionamento guiado por bioensaio, quatro metabólitos, catequina, anonaine, asimilo-
bina e nornantenina. Os quatros compostos estudados apresentaram atividade antibacte-
riana moderada quando comparadas à CHX. Dentre esses, a anonaina foi o alcalóide que
mostrou melhores resultados, seguido pela nornantenina. Catequina e asimilobina apre-
sentaram baixa inibição contra S. mutans [12]. Em contrapartida, que avaliou o efeito in
vitro do extrato bruto (CEx) de Melia azedarach sobre S. mutans demostrou resultados
semelhantes aos da CHX 0,12%. A fração de éter de petróleo e do CEx apresentaram
efeito bactericida, no entanto, a fração de éter mostrou resultados inferiores, provavel-
mente, devido à menor concentração de compostos bioativos nesta fração [13].
Foi avaliado o efeito bactericida do óleo de copaíba (Copaifera officinalis) contra S.
mutans, demonstrando melhores resultados, quando comparados aos da CHX 0,12%. Em
relação a Concentração Bactericida Mínima, todas as placas apresentaram crescimento